domingo, 9 de dezembro de 2012

Linguística Aplicada: um caminho com diferentes acessos



RESUMO:

MOITA LOPES, L. P. Da aplicação da Linguística à Linguística Aplicada indisciplinar. In: PEREIRA, R. C. e ROCA, P. Linguística Aplicada: um caminho com diferentes acessos. São Paulo: Contexto, 2011. p. 11-24.




      Linguística Aplicada

          
          
      Interdisciplinaridade


Esse artigo busca explicitar como o campo da Linguística Aplicada (LA doravante) se constitui na atualidade, para tal, Moita Lopes centra-se em duas “viradas” no campo da LA./   
Primeiramente, a LA é uma área marcada pela heterogeneidade de discursos sobre a qual opera e que tem sua progênie por volta dos anos 1940, a partir do interesse em se desenvolver materiais de ensino de línguas durante a Segunda Guerra Mundial. Sua Associação Internacional (AILA) foi constituída ainda em 1964 (cf. MOITA LOPES, 2011, p. 11). Preocupada no início com o ensino-aprendizagem de línguas, atualmente a LA se constrói em territórios bem distintos. Assim, conforme Moita Lopes, compreendia-se a LA, até os anos 1970, como aplicação da Linguística, uma vertente que ainda persiste até os dias atuais. Widdowson (apud MOITA LOPES, 2011, p. 15) alerta, em 1977, sobre tal problemática e declara: “[...] quero sugerir que a própria Linguística Aplicada como um ramo teórico da pedagogia de ensino de línguas deva procurar um modelo que sirva seu propósito”. É nessa direção que se opera a primeira “virada”, ou seja, a necessidade de se criar uma teoria que não seja dependente do modelo linguístico.  
O autor discorre sobre os trabalhos que faziam parte do campo da LA nos anos de 1970 e 1980, tais como as pesquisas de Widdowson que, nesse período, trazem conhecimento da teoria linguística, da Psicologia Cognitiva e da Sociologia. Nesse viés, Moita Lopes declara: “a compreensão subjacente é que nenhuma área do conhecimento pode dar conta da teorização necessária para compreender os processos envolvidos nas ações de ensinar/aprender línguas em sala de aula devido a sua complexidade” (MOITA LOPES, 2011, p. 16).
Moita Lopes declara que muitos pesquisadores, notadamente ingleses e americanos, e para fins comerciais, utilizam da teoria como modo de vida “sem nenhuma preocupação com práticas e as vidas locais” (MOITA LOPES, 2011, p. 17).
Moita Lopes discorre sobre a segunda “virada” da Linguística Aplicada que trata sobre o abandono de trabalhar somente a investigação em contexto de ensino-aprendizagem de língua estrangeira (notadamente a língua inglesa) e tradução e parte para a pesquisa em outros contextos de ensino e institucionais (empresas, hospitais, etc.). No Brasil, percebe-se essa mudança a partir dos anos 1990.
No momento atual a Linguística Aplicada centra-se “na resolução de problemas da prática de uso da linguagem dentro e fora da sala de aula” (MOITA LOPES, 2011, p. 18).
Enfim, a linguistica aplicada indisciplinar concerne a uma área do saber que dialoga com inúmeras disciplinas e campos e, portanto, em virtude dessa hibridez, não pode ser “fechada” em uma disciplina – daí o nome indisciplinar.


REFERÊNCIAS:

MOITA LOPES, L. P. Da aplicação da Linguística à Linguística Aplicada indisciplinar. In: PEREIRA, R. C. e ROCA, P. Linguística Aplicada: um caminho com diferentes acessos. São Paulo: Contexto, 2011. p. 11-24.

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